Sil Curiati é paulistana, amante do Rio, ex-moradora de Miami, gosta mesmo é de viajar.
Curte comes e bebes, é nos jantares que dá em casa que ouve os maiores
absurdos publicados neste blog, e se inspira também.
Vive com música nos ouvidos e nos pés.
Um dia será dançarina e fará propaganda nas horas vagas.
Vive sonhando acordada, como boa pisciana.
32 Carnavais, mais de 150 cidades no currículo.


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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Adoro cortar os cabelos. E normalmente não sei o que fazer, deixo na mão do profissional.
Sim, eles me adoram por isso.

Ontem cheguei no lugar sem achar que iria realmente cortar. Bati um papo, mostrei uma foto fantástica da Lily Allen, de cabelos bagunçados, make rock'n'roll, batom vermelho, tudo o que eu gosto. Chic-sensual-descolada. E cabelo com cara de que não dá o menor trabalho.

Eu falei pra ele "queria isso........." (todas essas reticências mesmo, porque no fundo eu queria sair de lá com aquele EXATO visual, a cara dela e tal).
Ele disse "olha, cabelo que você acorda e tá pronto, não existe." Ué, mas o meu é assim, pensei. Imediatamente completou, como se me ouvisse "o seu tá sem graça, por isso você deve achar que não dá trabalho."
É, pois é.

Passei a navalha. Tá bem mais curto, a franja de volta, e eu feliz.
Hoje com delineador e batom laranja, pra me sentir como a Lili Allen só um pouquinho, mesmo que completamente nada a ver com ela, e totalmente fora de contexto, sentada no escritório silencioso, fazendo um planejamento.

I keep rockin'rolling on the inside.

(a musa)



Servido por Silvia C Planet às 13:46 . |


domingo, 31 de janeiro de 2010

Um homem nos seus 50 e poucos, entrou em um táxi carregando apenas uma mala de mão. Chegava de um vôo de 14 horas mas não parecia exausto, a expressão só pesava por conta de um par de bolsas embaixo dos olhos. De resto, fresco como a manhã.

Indicou o endereço ao motorista e pediu, no idioma local, sem sotaque:
- Sem pressa, por favor.

Era a primeira vez que visitava aquela cidade, aquele país. Queria ver tudo com calma. A primeira impressão era sempre a que mais lhe marcava, e às vezes, a única que sobrava ao final de dias enfurnados em salas de reunião.

O motorista olhava pelo retrovisor com um certo ar de desconfiança.
- Sem o quê, meu senhor?

- Como?

- O senhor pediu para eu ir nesse endereço, sem...?

- Ah, puxa. Sem pressa, só isso. Não estou com pressa. - de novo, com perfeição.

Ainda com cara de quem tenta adivinhar quem está falando do outro lado do telefone, o motorista começou a dirigir e resmungou qualquer coisa.

- O que exatamente o senhor não entende?

- Essa palavra "pressa". Não existe isso. Não sei de onde o senhor vem, nem quem te ensinou a falar nossa língua, mas essa palavra não existe. Não sei o que o senhor quer.

De fato, observando a cidade à medida em que iam, não havia o menor sinal de pressa. Ninguém correndo atrás do ônibus, nenhum carro rápido, nenhuma buzina, ninguém impaciente na fila da padaria ou na porta do banco. Uma cidade vivendo um dia tranquilo, poderia ser. Mas seria milagre demais, pensou rapidamente. Não existem cidades assim, porque simplesmente não existem pessoas assim. O ser humano é ansioso por natureza, e a pressa vem disso. E de outros fatores, relacionados a atrasos, a contratempos, a preguiças matinais.

Ficou contemplativo pensando se estava dormindo ou se era aquilo mesmo: estava numa cidade, aparentemente normal, onde não havia pressa. Ou sequer o vernáculo. Tudo a seu tempo.

Passou uma semana lá, mas pareceu um mês. O tempo fluía lento, e com isso, dava para tudo: acordar, correr no parque, tomar banho, ler o jornal com o café, sair para o escritório, cumprir todas as obrigações sem deixar nada para o dia seguinte. No meio tempo almoçar, tomar um chá à tarde, ligar para a esposa e conversar sem contar os minutos para voltar a uma reunião, ir ao cinema saindo do trabalho, jantar, tomar um vinho, ler um livro, e dormir 7 horas até o dia seguinte. Tarefas que, ora, em situação normal, em um lugar comum, ele teria que dividir entre os 5 dias úteis da semana para tentar cumpri-las. Como qualquer pessoa.

Não se sabe se por facilidade de adaptação, ou se por mero acaso e contaminação do modo de viver daquela cidade, ele foi ficando. Já não tinha, como sempre temos, pressa de voltar para casa.

E isso durou uns bons anos, até que aquela falta de pressa o fez esquecer completamente que ela existia, e já não havia razão para ir e vir, porque tudo, eventualmente, é resolvido.
Foi feliz para sempre.


Servido por Silvia C Planet às 17:22 . |